Eu posso afirmar.
É uma utopia, mas isso não quer dizer que vamos parar de lutar por ela.
Todo mundo apoia a inclusão social. Mas apoia com "". Apoia desde que isso não lhe custe nada.
Acha lindo e justo que exista uma vaga para deficientes, mas se não usa por um minutinho, acha um absurdo o outro ter direito enquanto procura a sua vaga no natal (dia das mães, Páscoa, dia das crianças, etc).
Uma escola inclusiva é linda, desde que essa inclusão não atrapalhe ou mude o currículo do seu filho ou necessite que a escola tenha um custo a mais com uma auxiliar dedicada, ou que de trabalho e exija mais atenção de uma professora.
Calçadas acessíveis são um marco, mas só existem a cada 5 ou 10 quarteirões, e normalmente com carros estacionados na frente das rampas, ou com árvores e postes na passagem das cadeiras de rodas/carrinhos.
Isso sem falar em meios de transportes coletivos. Grande parte com o adesivo da inclusão, mas ou não param no ponto, ou tem seus meios de acesso quebrados (e sem manutenção) ou os demais passageiros acham um incômodo esperar pelo embarque da pessoa com limitação.
Me surpreende o quanto os idosos são intolerante com os deficientes.
O direito ao acesso, a locomoção e a paciência são só deles e eles não podem admitir que alguém precise tanto quanto ou mais que eles.
Lojas e supermercados apoiam a inclusão, mas não querem ter o trabalho de aumentar suas portas ou caixas para possibilitar a nossa passagem.
Hoje existem muitas empresas que fabricam acessórios para facilitar a vida das pessoas com necessidades especiais, muitas coisas adaptadas e muitas boas ideias, mas sempre custam 10 vezes mais que qualquer utensílio para pessoas típicas.
A inclusão social é uma ideia linda, mas hoje Ainda é só uma ideia.
Enquanto não houver mais empatia e tolerância, nossos filhos continuarão sendo colocados de lado e eu continuarei uma leoa em cada situação que sequer pareça ser exclusiva.
Uma escola, um parque, um
Supermercado, um hospital ou qualquer lugar em que você encontrar uma pessoa com necessidades especiais, antes de pensar na sua própria luta diária, tente ao menos imaginar a luta daquela pessoa, daquela família e veja se você ainda acha que seu direito ou a sua vontade devem prevalecer a dela.
Vale ressaltar que como a toda regra, exceções existem, mas elas são tão raras e tão difíceis de se encontrar.
É um processo, não é fácil e exige muito de você como pessoa. É uma grande mudança cultural, e aos que ao menos tentam, deixo os meus Parabéns e Muito Obrigada


(Camila Chain, Histórias de Tutu e o Cri Du Chat, fevereiro, 2018)
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