O dia que conheci meu pacotinho azul.
Por Letícia Parrella, Fisioterapeuta.
Era um segunda feira, 8 horas da manhã, um dia muito frio, eis
que chega um mini paciente enrolando em um cobertor azul. Com ele seus
pais, bem sorridentes, mas com um ar de preocupados.
Realizei minha avaliação como de costume, e ali começou meu contado
oficial com um paciente portador da Síndrome de Cri Du Chat.
Digo oficial, pois no
meu primeiro ano de faculdade conheci uma menina com a mesma síndrome, porém
não tive a oportunidade de de atendê-la.
O Arthur pra mim era
uma caixinha de surpresas.
Na primeira entrevista com os pais, descobri
que ele era Alérgico à Proteína do Leite de Vaca, e como atendia ele as 8 da manhã nas segundas e sexta, eu não tomava leite e não comia
nenhum derivado .
Sim, era um sacrifício
sair de casa sem tomar meu leite, mas eu não poderia correr o risco de fazer mal a ele, então me
privava até o término do atendimento.
Eu pesquisava bastante sobre a síndrome para entender o que de diferente eu poderia fazer com ele, porque o desenvolvimento do
meu pacotinho azul, foi bem mais rápido que imaginávamos. A cada terapia
evoluímos mais e mais.
Hoje após dois anos, não o atendo mais, mas ver o quanto ele cresceu e ver o seu desenvolvimento me deixa muito feliz. Saber que tive o
privilégio de fazer parte da sua história me enche de orgulho.
E é o que eu sempre digo e o que aprendi com minha
profissão: diagnóstico não é parâmetro. Quando se te quem confia na gente e
nos quer bem, as coisas fluem.
O Arthur tem a sorte de ter nascido na família que nasceu.
Eu falava sempre isso pra Camila, porque ela nunca teve dó ou ficou se lamentando pelos cantos. Ela correu atrás dia após dia!
Quantas vezes via o
Arthur chorando por pura manha ou preguiça e ela simplesmente olhava pra ele e dizia: "-para com isso, eu sei que você consegue"
E hoje ele está aí, todo lindo, esperto e vencendo as barreiras de
cada dia.
Até derivados de leite ele já come, olha que coisa ... hahaha
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